sábado, 17 de dezembro de 2016

Cabral vira réu pela segunda vez e será julgado por Moro

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ESTELITA HASS CARAZZAI CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - Pela segunda vez no ano, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e sua mulher, Adriana Ancelmo, viraram réus sob acusação de corrupção -desta vez, por desvios na obra do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). A denúncia foi proposta pela força-tarefa da Operação Lava Jato e aceita nesta sexta (16) pelo juiz Sergio Moro.
Além do casal, também são réus o empresário Carlos Emanuel Miranda, tido como o operador de Cabral, Wilson Carlos Carvalho, ex-secretário do peemedebista, sua mulher, Mônica Araújo Carvalho, e os antigos executivos da Andrade Gutierrez Rogério Nora de Sá e Clóvis Peixoto Primo. Cabral, sua mulher e os dois assessores estão presos preventivamente há um mês.
O político já é réu no Rio de Janeiro sob acusação de receber propina em obras estaduais como o Arco Metropolitano e a reforma do Maracanã. Agora, ele é acusado de ter recebido R$ 2,7 milhões em dinheiro pelo contrato de terraplanagem do Comperj, obra da Petrobras. Segundo a denúncia, o pagamento foi solicitado pelo próprio governador, numa reunião no Palácio da Guanabara, em 2008. O valor corresponde a 1% do que a Andrade Gutierrez recebeu pelo contrato de terraplanagem. Os valores, pagos em espécie, foram usados na compra de artigos de alto valor, como roupas de grife, móveis de luxo e blindagem de automóveis, de acordo com o Ministério Público Federal.
O dinheiro pagou até vestidos de festa da ex-primeira-dama. Só em roupas da grife Ermenegildo Zegna Cabral gastou quase R$ 260 mil. Em blindagem, foram R$ 58 mil. Na decisão que ordenara a prisão de Cabral, Moro havia afirmado que o esquema era "uma versão criminosa de governantes ricos e governados pobres". "Constituiria afronta permitir que os investigados continuassem fruindo em liberdade do produto milionário de seus crimes, [...] enquanto, por conta de gestão governamental aparentemente comprometida por corrupção e inépcia, impõe-se à população daquele Estado [do Rio] tamanhos sacrifícios, com aumentos de tributos e corte de salários e de investimentos", escreveu o juiz.
A maioria das compras era realizada com pequenos depósitos em espécie, abaixo de R$ 10 mil --uma técnica clássica de lavagem de dinheiro, chamada "smurfing", de acordo com os procuradores. Os dois executivos da empreiteira Andrade Gutierrez admitiram os pagamentos em delação premiada. Miranda e Wilson Carlos, segundo o Ministério Público, controlavam uma "conta corrente de propinas" de Cabral e foram os responsáveis por operar os pagamentos. "Há, em cognição sumária, provas decorrentes de depoimentos de criminosos colaboradores, conjugados com algumas provas de corroboração e que indicam a cobrança e o pagamento da vantagem indevida", escreveu Moro em sua decisão.
Cabral está detido na PF em Curitiba. Na noite desta sexta (16), porém, o Tribunal Regional Federal no Rio de Janeiro determinou sua volta à capital fluminense, a pedido da defesa.

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