quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Odebrecht busca vender R$ 7 bi em ativos para cumprir meta Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/odebrecht-busca-vender-7-bi-em-ativos-para-cumprir-meta-20822040#ixzz4Wm3ir8il © 1996 - 2017. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.


RIO - O grupo Odebrecht tem o desafio de levantar, ainda este ano, cerca de R$ 7 bilhões em venda de ativos para cumprir sua meta de desinvestimento, reduzir sua dívida e honrar compromissos previstos nos acordos de leniência firmados com autoridades de Estados Unidos, Brasil e Suíça no fim do ano passado. O grupo se comprometeu a pagar R$ 6,9 bilhões em multas ao longo dos próximos 23 anos. Entre os ativos na prateleira estão uma participação na hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira (RO), e negócios na área de saneamento que ficaram de fora da venda da Odebrecht Ambiental para a gestora canadense Brookfield.

Dentro do programa de desinvestimento está em análise a abertura de capital da Odebrecht Engenharia e Construção, que engloba a construtora Norberto Odebrecht — com atuação no Brasil — e os braços de infraestrutura e da área industrial no exterior. Caso o plano vingue, o projeto deve sair do papel apenas no ano que vem. Hoje, a petroquímica Braskem é a única empresa do grupo com ações em Bolsa. A dívida líquida do grupo superava R$ 70 bilhões em meados de 2016.

FAMÍLIA LONGE DA GESTÃO
A reestruturação do grupo inclui ainda o afastamento de membros da família Odebrecht da presidência dos conselhos de administração e da presidência executiva das empresas do conglomerado, conforme revelou o “Valor Econômico”. Assim, a família exercerá, fundamentalmente, o papel de investidora, mantendo-se longe da gestão. A ideia é que os conselhos sejam formados por profissionais independentes, num esforço de recuperação de credibilidade junto ao mercado.
No ano passado, quando as investigações da Lava-Jato e a crise econômica por que passa o país abalaram os negócios do grupo, a Odebrecht estabeleceu a meta de se desfazer de ativos avaliados em cerca de R$ 12 bilhões até meados de 2017. A empresa já conseguiu vender R$ 5 bilhões. A transação mais recente foi a venda da distribuidora de químicos quantiQ para a multinacional GTM, por R$ 550 milhões. Outra operação relevante foi a venda de 70% da Odebrecht Ambiental para a canadense Brookfield. Os 30% restantes pertencem ao fundo FI-FGTS.

REFORÇO DA PETROQUÍMICA
A negociação para a venda futura de ativos é uma das principais preocupações do patriarca Emílio Odebrecht, que se comprometeu a ficar à frente do grupo por cerca de dois anos para conduzir a reorganização do conglomerado e assegurar que uma Odebrecht mais enxuta possa caminhar sozinha e gerar caixa suficiente para se manter de pé. Após esse período, o executivo vai cumprir sua pena de quatro anos, parte dela em prisão domiciliar e outra parte em regime semiaberto. A delação premiada de 77 executivos do grupo ainda será homologada no Brasil.
A fatia de 28,6% na usina de Santo Antônio é um dos ativos que vêm atraindo mais interessados. Segundo fontes de mercado, a tendência é que um grupo estrangeiro compre a participação. A chinesa State Grid é vista como uma das candidatas com maior apetite pela hidrelétrica, por ter avançado no setor elétrico no país nos últimos anos.
A redução ou saída da Odebrecht de setores como energia e saneamento virá acompanhada do reforço de presença em outros ramos, como o petroquímico. Na estratégia do grupo, a Braskem, da qual a Odebrecht tem 38,3%, ao lado da Petrobras, com fatia de 36,1%, será uma espécie de âncora financeira.
Em 2014, último dado disponível, a Braskem respondeu por 37,8% da geração de caixa de R$ 14,8 bilhões do grupo. A área de engenharia e construção, embora mais associada à marca do conglomerado, respondeu por 21,2% do total. Mesmo diante da crise em que se envolveu o grupo, os investimentos da petroquímica avançaram, com o início de operações de uma fábrica de polietileno nos Estados Unidos, este mês, e a inauguração do maior complexo petroquímico da América Latina, no México, no ano passado.
— A Petrobras já anunciou que quer sair da Braskem, mas acho possível que a empresa fique, o que pode fortalecer a petroquímica — disse João Zuñeda, sócio da consultoria Maxiquim.

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