domingo, 5 de fevereiro de 2017

O 'cunhismo' ainda impera na Câmara, diz deputado Chico Alencar

O deputado Chico Alencar acredita que o fisiologismo e o conservadorismo dominam a Câmara 
O deputado federal cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não frequenta mais a Câmara há quase oito meses, mas suas práticas ainda estão presentes no dia a dia dos parlamentares, avalia seu ex-colega, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). "O 'cunhismo' ainda impera na Câmara", disse ao UOL, no Salão Verde da Câmara, antes do resultado da eleição à presidência da Casa, na última quinta-feira (2).
Com a vitória de Rodrigo Maia (DEM-RJ), que seguirá no comando da Câmara por dois anos, Alencar conversou novamente com o UOL para projetar o que deve acontecer no Congresso nesse período e não espera grandes mudanças. "É a velha política, talvez com cara nova".
O parlamentar do PSOL reconhece que a esquerda está enfraquecida, mas espera um baque nos outros setores da política em função da Operação Lava Jato, que deve atingir dezenas de políticos por envolvimento com corrupção. "A gente ainda está vivendo os estertores dessa velha política, que a Lava Jato está desnudando agora de maneira muito contundente".
Caracterizando o presidente Michel Temer (PMDB) como um "guloso" para captar alianças. "Temer é habilidoso para compor com os fisiológicos com a experiência de décadas que o comando do PMDB lhe deu".
Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida na última sexta-feira (3).
 
O senhor disse que o "cunhismo ainda impera no Câmara". O que é o "cunhismo"?
"Cunhismo" é a prática dos acertos de bastidores que se consolida através da promessa, depois efetivação, de cargos na estrutura do próprio parlamento. Na colocação desse bloco, dos membros desse grande campo na relatoria dos principais projetos com a moldura de uma concepção conservadora da política, com uma visão de precarização de direitos na formulação de políticas públicas e sem nenhuma preocupação com a própria crise da representação. É, na verdade, fisiologismo, mais conservadorismo e um outro elemento também: a aceitação passiva, inquestionável da hegemonia dos grandes interesses econômicos sobre mandatos políticos. O Cunha, na verdade, era um operador exacerbado desse tipo de política, desse tipo de concepção com suas características particulares. Ele era muito arestoso, muito agudo, não fazia quase mediações, muito agressivo. Agora lembre: o Rodrigo Maia sempre foi aliadíssimo do Cunha.

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