quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Planalto isola turma de Cunha

Jovair

Brasília. Embora o presidente Michel Temer diga oficialmente que o governo se mantém neutro na disputa pelo comando da Câmara, seus auxiliares com melhor trânsito partidário atuam para esvaziar as candidaturas vinculadas ao centrão – grupo formado por cerca de 200 parlamentares, que no passado atuou em favor do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB). A estratégia é descartar apoios a nomes do bloco informal que se apresentaram até o momento.

O Palácio do Planalto não pretende dar aval aos deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO), ex-aliados de Cunha, mesmo se a candidatura do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), for barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Adversários de Maia já ingressaram com duas ações na Corte, questionando a possibilidade de o atual presidente da Casa tentar renovar o mandato.

Rosso, que tem sido tratado com deferência por Temer, não conta, porém, com a adesão do próprio PSD, partido que, nos bastidores, apoia Maia. A avaliação é de que o deputado se lançou por sua conta e risco e pode abandonar o páreo.

Outro representante do centrão, Jovair Arantes é visto como “imprevisível” e encontra resistência em partidos do bloco, como PR e PP, que negociam mais espaço no governo em uma eventual reforma ministerial. O Planalto está convencido de que Maia será reeleito, apesar das pendências jurídicas. A leitura no governo é a de que o centrão perdeu força após a cassação e prisão de Cunha. Para o Planalto, Rosso e Jovair não aglutinam a base aliada.

Diante da hipótese de Maia ser impedido de assumir um segundo mandato, circula no primeiro escalão uma “lista de emergência” com os nomes alternativos: Heráclito Fortes (PSB-PI), Marcos Montes (PSD-MG), Antonio Imbassahy (PSDB-BA) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

Temer pretende fazer uma reforma ministerial enxuta, mas já indicou que poderá usar pastas da Esplanada para acomodar aliados “feridos” após a eleição que renovará o comando da Câmara e do Senado.

Nessa quarta-feira (4) Rodrigo Maia passou o dia em reuniões em busca de apoio. Pela manhã, encontrou-se com o presidente Michel Temer e, em seguida, recebeu os deputados Antonio Imbassahy e Ricardo Tripoli, respectivamente, líder atual e líder eleito do PSDB. Oficialmente, os dois encontros foram para tratar de pautas que preocupam o governo, como reforma da Previdência e dívida dos Estados.

Apoio. Tucanos disseram que a tendência é que seus 46 deputados apoiem a candidatura de Rodrigo Maia, mas que, para isso, é preciso que ele oficialize a intenção de disputar a reeleição.


Contra reeleição

Jovair faz ameaça de batalha jurídica


Brasília.
Líder do PTB e pré-candidato à presidência da Câmara, o deputado Jovair Arantes (GO) partiu para o ataque ao principal adversário, o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificando a candidatura dele como ilegítima e avisando que, se ele insistir e for reeleito, irá judicializar a disputa.


Numa resposta a Maia, que cobrou coerência dos adversários e afirmou que a eleição deveria ser ganha “no voto”, e não no Supremo, Jovair disse que o presidente da Casa deveria dar o exemplo e cumprir a Constituição. “(Se ele ganhar) não vai ficar bem para a sociedade, vendo que o presidente está sub judice, porque vamos judicializar. A sociedade não quer ver uma Casa que desrespeita as regras que ela própria votou”, atacou Jovair.

O líder do PTB negou que esteja se apresentando como candidato para negociar cargos no ministério de Michel Temer e avisou que, se eleito, irá priorizar as votações das reformas enviadas ao Congresso pelo Executivo: “Evidente que ser ministro é sempre importante para o Estado e para quem assume, mas candidatura para negociar não entra no meu perfil”, disse o petebista.

Para custear a campanha, Jovair Arantes fará um vaquinha entre os deputados que o apoiam. Nessa terça-feira (3) ele se reuniu com alguns aliados para traçar a estratégia da campanha. O deputado nega que seja candidato do centrão, grupo que se uniu para eleger o ex-presidente Eduardo Cunha.


Esvaziamento

Rosso afirma que há intriga na campanha

FOTO: Luis Macedo / Câmara dos Deputados - 13.7.2016
Rosso
Reeleição de Maia, disse, vai gerar “instabilidade e insegurança”
Brasília. Candidato a ocupar a presidência da Câmara, o líder do PSD na Casa, Rogério Rosso (DF), classificou como “intriga” a informação de que auxiliares do Planalto atuam para esvaziar as candidaturas vinculadas ao centrão. Em viagem pelo interior de Goiás, Rosso disse que a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) vai gerar “instabilidade e insegurança” na Casa. “É muita pretensão achar que só um deputado garante a governabilidade”, atacou.

Rosso reiterou a disposição de manter sua candidatura e afirmou que não negociará cargos nem aceitará a liderança do governo em troca de desistir da disputa. “Sou desprendido de tudo isso”, declarou.

O deputado se mostrou confiante de que o Supremo atuará para “fazer justiça” e impedir a candidatura de Maia. “Nessa história de ‘já ganhou’ normalmente o final não é feliz”, alfinetou. O líder do PSD disse que mantém contato com Michel Temer toda semana e que o presidente vem demonstrando “isenção” no processo.

O parlamentar iniciou nesta semana sua agenda de viagens para conquistar o voto dos colegas e vem recebendo manifestações de apoio. Rogério Rosso negou que esteja conversando neste momento sobre composição da Mesa Diretora e distribuição de cargos nas comissões permanentes. Nesta quinta-feira (5), Rosso seguirá para Fortaleza, onde deve jantar com deputados cearenses. Nos próximos dias vai a João Pessoa (PB), Recife (PE), Natal (RN) e São Paulo.


Apoios

Maia fará ofensiva sobre governadores

Brasília. Em campanha para se reeleger presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) vai fazer nas próximas semanas ofensiva sobre governadores em busca de apoio para consolidar votos das bancadas nos Estados para sua recondução ao comando da Casa.

Na agenda de viagens, Maia deve se encontrar com os governadores de Alagoas, Renan Filho (PMDB), e do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD). Ele também pretende se encontrar com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

Em Alagoas, além de Renan Filho, o atual presidente da Câmara também planeja se encontrar com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que é pai do governador alagoano e um dos principais caciques do PMDB, maior partido da Casa, com 64 deputados federais. Maia tenta fechar o apoio do PMDB, oferecendo em troca a 1ª vice-presidência em sua chapa.

Com o governador potiguar, o deputado do DEM busca atrair mais apoio do PSD, partido cujo líder na Câmara, deputado Rogério Rosso (DF), já se lançou candidato. No partido, ele já procurou o ministro Gilberto Kassab (Comunicações), que comanda o PSD, mas que já foi do DEM e teria prometido apoiar Maia se Rosso desistir da candidatura.

Nesta sexta-feira (6), o presidente da Câmara pretende ir à capital pernambucana, onde tem marcado almoço com a bancada de deputados federais do Estado. 

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